Gosto de pensar a minha formação em psicanálise como uma história viva, em constante movimento, com início, mas sem fim, pois acredito que a escuta psicanalítica nunca deve ser embasada em um senso comum entre paciente e analista. O analista precisa sempre estar “deslocado” de seu lugar no mundo, buscando compreender os sentidos que os seus analisandos trazem durante a sessão como sendo singulares, únicos e intransponíveis. Assim, um analista precisa estar sempre em formação, pois é atravessado (ele e paciente) pela cultura, pela sociedade, pelas normas e pela certeza das mudanças e impermanência. Como funciona isso? No espaço analítico, ou seja, no encontro entre analisando e analista, a cultura e seus códigos são como pano de fundo da sessão, nos atravessam, mas precisam estar, ao mesmo tempo, presente e suspenso para evitar a normatização, o encaixotamento das experiências e o julgamento. Assim, é preciso, além de se formar analista, poder se (de)formar para não dar “forma” a quem chega, mas sim, escutar, escutar e mergulhar. Tchi Bum!