A vida é reinvenção contínua

A vida é reinvenção contínua.
A natureza inteira se transforma, seja por reações químicas, contato com o ambiente, mudanças climáticas, fatores diversos. Tudo se modifica e a impermanência é certeza da vida: evoluímos, criamos multiplicidade e diversidade. Mas toda essa mudança, essa transformação, também diz sobre REPETIÇÃO. ?

Somos uma química altamente repetitiva. Freud dizia que somos pulsão de vida e de morte (repetição). Fazemos, fazemos e fazemos e nos descobrimos no mesmo lugar, fazendo as mesmas coisas, repetindo os mesmos comportamentos. Esse é o sintoma.

Esse impulso à repetição está tão presente, que desde o início da pandemia começamos a buscar o que seria o “novo normal”, ou seja, a normatização, os novos rituais, as novas formas. Precisávamos, desde o início, entender o que seria a nova repetição para construirmos, a partir disso, previsibilidade e controle – tentando escapar da angústia da incerteza, do desconhecido.

O que sabemos é que lugares previsíveis e repetitivos são pouco criativos. Como a gente se reinventa então? Apenas permitindo deixar morrer alguma coisa que insiste ali, no mesmo lugar. Precisamos desapegar da repetição, do lugar conhecido. Mas como faz isso? Através do luto. Toda mudança é um luto. Luto do ideal do que eu deveria ser, do que meu parceiro deveria ser, do que as pessoas deveriam ser: homens, mulheres, crianças etc.

A cultura cria as caixinhas de felicidade, a vida instagramável, aquilo que a gente vê de longe e coloca como ideal. “Preciso viver isso, pois é isso que esperam de mim.” E assim vivemos condenados no ideal, na fantasia, distantes da nossa essência e da possibilidade de relações autênticas. Para haver uma reinvenção possível, é necessário viver o luto desses ideais. Isso não é fácil, indolor, é algo que marca sim.

Um processo analítico que lida com essas rupturas exige investimento de energia, tempo e dedicação. Sair de lugares idealizados e aceitar estar em lugares inesperados é permitir entrar em contato com o real desejo, com a causa própria, aquilo que é visceral, podendo, assim, ser você mesmo e permitir que o outro também seja. ✨

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