Iniciar um processo de psicanálise nem sempre é fácil. Aliás, eu costumo dizer que é treta. Entrar em contato com o que há de mais profundo dentro de nós mesmos, aspectos conhecidos e que às vezes não gostamos, aspectos desconhecidos e que nos surpreendem… vencer nossas resistências… requer coragem!
Na onda de cada paciente, vamos navegando nos assuntos, nas histórias e no repertório que cada um traz. É importante ter cuidado, ética e empatia com cada movimento que é feito na clínica. Para onde o vento está nos levando? ⛵️?
Quem começa a fazer análise não está isento de mares revoltos. O que muda é a perspectiva: na vida temos momentos de águas calmas, mas também águas bravas. É sobre entender esse movimento, respeitar as fases da maré e nos fortalecer para usar o vento a nosso favor, seguindo perseverantes na viagem.
É sobre reconhecer que o que importa não é o ponto de chegada, mas sim a capacidade de curtir o caminho. E que o mais relevante não é a rapidez com que se chega lá, afinal de contas, se o lance é apenas velocidade, poderíamos pegar uma lancha – que em algumas situações é necessária, mas quando falamos de vida, estamos colocando em jogo a direção do vento que muda e não controlamos, a maré que planejamos e se altera, então o veleiro parece reproduzir mais o ritmo da vida do que a lancha que sofre menos com os imprevistos.
Quem veleja aprende que o vento é quem manda e que precisamos aproveitá-lo, isso significa muitas vezes mudar o rumo do que se planejou, se idealizou e, ainda assim, reconhecer beleza no caminho. Para isso, apesar do medo, é preciso ter coragem para se arriscar a conhecer novos caminhos, se desprender de lugares, coisas, matéria que somos apegados – e que, não raro, é tudo o que imaginamos ter.
No processo de análise é possível aprender a navegar em busca de novas possibilidades, novos caminhos, novas escolhas, nova direção. É compreender que, mesmo diante de um mar intranquilo, o que a vida está proporcionando é sempre desenvolvimento.
“Pior que não terminar uma viagem é nunca partir.” – Amyr Klink